As crianças não brincam de brincar. Brincam de verdade... Por isso Nunca se deve tirar o brinquedo de uma criança, tenha ela oito ou oitenta anos. Mario Quintana


segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Carta de apelo aos Deuses

Datada de 01/01/2012

Saudações Divindades.
É com muita esperança que vos escrevo.

            Faz mais de dois mil anos que lhes discorro e são mais de dois mil anos sem retorno. Nenhum email, nenhuma msg, fax ou scrap. Nada. Se ao menos vocês ficassem on no MSN...
            Por favor, suplico-lhes que me respondam.
            Por que vocês permitem que aproximadamente 925 milhões de pessoas no mundo não comam o suficiente para serem consideradas saudáveis? É obvio que vocês sabem que isso significa que uma em cada sete pessoas no planeta vai para a cama com fome todas as noites. Mães desnutridas muitas vezes dão à luz bebês abaixo do peso. Essas crianças tem 20% mais probabilidade de morrer antes dos cinco anos de idade. Cerca de 17 milhões de crianças nascem abaixo do peso a cada ano.
            Por que vossas magnificências fecharam os olhos para os campos de concentração da segunda grande guerra do século XX?
            Quantos moleques na vida do crime? Quantas famílias na vida do crime? Quantas autoridades na vida do crime? Sem falar daqueles políticos que vivem e sobrevivem da vida do crime.
            Por que vocês deixaram que as lágrimas se tornassem sinônimo de rotina para as crianças órfãs dos intensos conflitos religiosos na Europa e no oriente médio?
            A acústica de vossos palácios não lhes permitem ouvir a sinfonia dos alvoroços e gritos de todas essas vítimas?
            O Homem que vocês criaram, sabiamente à vossa imagem e semelhança, parece não ter limites.
            Por um mero olhar curioso a esposa de Ló (isso mesmo, esposa de Ló. A história não menciona o nome desta pobre coitada) foi transformada em estátua de sal. Façam alguma coisa. Recordo que por muito menos aqueles dois jovens inocentes foram castigados. Lembram da maçã?
            Diariamente muitos de meus professores trabalham com medo, sob ameaças. Com receio de serem mais uma vítima do avançado e democrático sistema educacional brasileiro.
            Já me passou de um dia parar com tudo isso. Essa vida louca. Mas de que jeito?
            Se não sou a solução, será que sou eu o problema? Ou se não sou o problema, será que está em mim a solução?
            De uma coisa tenho certeza: a ferida está aberta e eu não consigo estancar.
            O que vocês estão esperando?
            Se preferem continuar escondidos em vossos paraísos, então façam-me um instrumento de vossa paz.
            Mas não demorem. Apesar dos meus esforços, sinto-me sem forças.

Atenciosa e desesperadamente,
Educação
PS: É com lástimas que o Bar do Pedagogo informa que, apesar das várias tentativas de entrega, faz 2012 anos que as cartas vem sendo devolvidas com o carimbo “Remetente ausente ou não localizado” no verso. Contudo, a Educação não desistirá. Embora pareça em vão, ela insistirá exaustiva e incansavelmente no (re)envio. De toda forma, parece que só nos resta rezar, orar, pedir benção, fazer trabalho, despacho, jejuar... e/ou buscar coragem no fundo de nossas entranhas e enfrentar com franqueza, seriedade e dedicação os nossos desafios. A Educação precisa de nós.

Um comentário:

  1. É preciso viver conforme oramos, aceitar o desafio de ser instrumento de serviço e denúncia, mesmo que isso represente privações e ameaças. Cristo, o maior dos enviados de Deus, passou por isso e Seu legado é incomensurável. O Pai fortalece e ensina aos que assim agem, aos que apresentam tal disposição de coração. Ele quer pessoas que não usem apenas os lábios para buscá-Lo. Somos as mãos que Ele quer usar para elevar os irmãos que ainda não conseguiram se erguer. Essa, porém, é uma escolha individual. A resposta às orações normalmente chegam não apenas por meio de conhecimento, mas também de sentimentos, portanto prestemos atenção ao que nos diz, deixando de lado as tamanhas distrações deste cotidiano fabricado e olhemos para os que precisam de pão, amor e luz a fim de sermos instruídos do alto. Orar e servir, ou seja, olhar para os céus em busca de orientação para melhor saber o que fazer ao enxergar os caídos.

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